A poeira já baixou, mas as discussões acerca das declarações do secretário de cultura do estado da Paraíba, a respeito da contratação de bandas de "forró de plástico" pelo governo para as festas juninas, ainda não acabaram. Bom, também não sou eu quem vai acabar com elas, mas quis esperar um pouco a nuvem da polêmica se dissipar para opinar como músico e cidadão.
Primeiramente, gosto é gosto. E para os pseudo-intelectuais que acham que só o que é complexo, inteligente e não-popular é cultura, pasmem: cultura é qualquer manifestação social, artística, blá blá blá feita pelo homem, e o forró de plástico eletrônico se enquadra nesse aspecto.
Acredito que o secretário Chico César tenha falhado em seu discurso e por isso gerou tanta polêmica em cima da decisão. Talvez o pensamento seja o de não excluir estilos musicais, mas sim o de incluir artistas da terra em eventos do estado, e mais: recebendo dignamente por isso. Que tal trocar uma banda (dentre várias) de fora do estado que recebe em torno de R$100.000,00 para tocar durante duas horas e colocar vários artistas paraibanos para tocar recebendo bem por isso?
Seria bom pra todo mundo: pra cena cultural do estado, para a economia de faria o dinheiro circular ainda mais em nosso mercado, para os artistas que não precisariam deixar suas vidas aqui pra viver de sua arte em outro lugar, entre outras vantagens.
Engraçado também é ver a turma falando que o carnaval de Pernambuco é maravilhoso por não ter "Rebolation", "Mulher Maravilha" ou "Vou não, quero não" e não querer fazer o mesmo por aqui. Muita gente sai daqui pra curtir o carnaval em outro lugar justamente porque nos concentramos em festas medíocres realizadas no litoral. Mas como Rachel Sherazade já disse tudo sobre o carnaval, voltemos ao São João.
A festa do Maior São João do Mundo (ou segundo maior) em Campina Grande tem um orçamento de R$5.000.000,00 onde o governo estadual entrou apenas - apenas? - com R$1.000.000,00, então sinceramente, com ou sem a participação do governo nos custos do evento, vai parar de tocar o que já vem tocando há muito tempo? a resposta é não. Mas o que pode ser feito com essa parcela do orçamento é direcioná-la para os artistas da terra, para que em um período de médio a longo prazo nós possamos olhar para o mês junino e dizer: tenho orgulho da arte do meu estado.
A discussão é longa e engloba muitas variáveis, mas creio eu que com alguns pequenos ajustes no discurso e na formulação, essa ideia pode ser bastante interessante para a Paraíba.
Sinta-se a vontade para manifestar-se.
